segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Colaboração em rede e educação

O avanço nas questões tecnológicas em nossos dias é cada vez mais expressivo. Temos um vasto campo de possibilidades que permite o vínculo de comunicação e troca de informações entre os mais variados segmentos de nossa sociedade. A extensão dessas inúmeras possibilidades envolve, não só o campo social, mas atua no nível econômico, no campo político, no campo cultural e atinge, sobretudo, a área educacional. Percebe-se claramente o crescimento dos debates sobre as influências dessa sociedade em rede, para definição dos caminhos humanos em tempos de interação digital, indo além das fronteiras temporais e espaciais.

Castells e Cardoso (2005) nos dão uma pequena amostra do âmbito e dos limites (se é que podemos pensar em limites) dessa verdadeira revolução que assistimos em nossos dias: A Sociedade em Rede é a nossa sociedade, a sociedade constituída por indivíduos, empresas e Estado operando num campo local, nacional e internacional” (CASTELLS & CARDOSO, 2005, p. 9). Essa interessante reflexão não só exemplifica o caráter da sociedade em rede como mais uma possibilidade de interação social, política e econômica como também especifica que essa é a “nossa sociedade” e, como tal, merece ser compreendida para que possamos retirar dela o melhor possível de suas possibilidades.

Se no campo teórico, como no trabalho de Castells e Cardoso, verificamos as possibilidades imensas dessa sociedade em rede, ao adentrarmos o campo prático, notamos que o universo apresentado pela sociedade em rede torna-se praticamente ilimitado, sobretudo na área educacional. A educação pressupõe a construção do conhecimento, a troca de informações, a aquisição de competências e habilidades nas mais diversas áreas e disciplinas. Entretanto, é conveniente sempre lembrarmos que a educação não se opera apenas nos espaços formais de aprendizagem (como as escolas, por exemplo). A educação, como um todo, pode e deve ser estimulada nos mais diversos espaços sociais possíveis. Compactuando os preceitos de uma sociedade em rede, fundamentada em recursos tecnológicos digitais, temos a nossa frente um arsenal de possibilidades educativas, fundadas na construção de conhecimentos em ambientes virtuais e embasadas no caráter colaborativo tão comum em ambientes educacionais.

Especificando uma das inúmeras possibilidades do universo digital, refletiremos um pouco sobre os blog´s, que representam “um dos primeiros reflexos de uma sociedade mais dinâmica e participativa na rede” (PARANHOS & MONTANARO, 2014). Esse caráter dinâmico e participativo está em total consonância com os objetivos fundamentais da educação. Ao fazermos uma pequena pesquisa verificando a existência de blog´s para um determinado assunto, como a música, por exemplo, temos à nossa disposição um universo amplo de possibilidades configurando um “espaço que não deve ser ignorado” (PARANHOS & MONTANARO, 2014).

Interessante observar, na confecção dos blog´s, as possibilidades de visualização que esses apresentam. A característica visual de um blog interfere muito no acesso e no interesse que o mesmo irá despertar em seus prováveis seguidores. Assim, há uma interessante relação entre forma e conteúdo, essa relação é perfeitamente observável em todo o universo digital, como um todo. Evidente que algumas pessoas são mais estimuladas ao estudo e à reflexão quando tem pela frente um ambiente amigável e de fácil navegação. Assim, notamos que é importante existir sempre um equilíbrio entre o caráter informativo e formativo do blog com as características estéticas do mesmo.

Outra questão interessante para nossas reflexões, além do caráter concreto e objetivo dos blog´s, são as possibilidades de interatividade. Essa possibilidade configura uma das mais importantes características da sociedade em rede. Aqui adentramos o caráter humano, individualizando uma relação social e estimulando a troca constante de informações além da construção do conhecimento entre os mais diversos usuários. O contato com pessoas que possuem objetivos em comum fortalece convicções conceituais, amplia o universo de uma determinada área de estudo, além de possibilitar a extensão das relações virtuais para o campo das relações humanas convencionais, inclusive em outros ambientes de interatividade virtual.

Quando pesquisamos determinados blogs (enfocando agora a área da música e da educação musical) verificamos a quantidade de autores competentes, seja por sua atuação como compositores, instrumentistas e músicos, seja por sua atuação na área educativa.[1] Notamos aqui uma vertente infindável de possibilidades interativas. Assuntos são tratados de forma clara e concisa, estabelecendo redes de informação que possibilitam pesquisas consistentes tanto para estudantes como para profissionais da música e da educação. A temática dos blog´s envolve desde aplicativos específicos para a área musical, passando por considerações na teoria da música (aqui o universo é imenso) e imersões nas áreas práticas de ensino e aprendizagem como na área do solfejo, da análise harmônica, da apreciação musical, para citarmos apenas alguns exemplos.

Em síntese, podemos notar a quantidade imensa de possibilidades educativas que os ambientes virtuais proporcionam, configurando a sociedade em rede como uma alternativa eficaz para o estímulo à educação permanente. Os conceitos educacionais de uma aprendizagem significativa e coerente dos antigos mestres e personalidades ligadas à educação entram em perfeita consonância com os preceitos atuais de uma sociedade em rede, com indivíduos preparados para o exercício de escolhas nesse grande oceano digital.

Referências Bibliográficas:

CASTELLS, M. & CARDOSO, G. (org.) A sociedade em rede – Do conhecimento à acção política. Conferência promovida pelo Presidente da República. 4 e 5 de março de 2005. Centro Cultural de Belém. Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2005, Portugal. Disponível em <http://ead2.sead.ufscar.br/mod/resource/view.php?id=69711>. Acesso em 16 de ago. de 2014.

PARANHOS, A. G. & MONTANARO, P. R. Web 2.0. Curso de Educação Musical, UFSCar, 2014. Disponível em <http://ead2.sead.ufscar.br/mod/book/view.php?id=56515>. Acesso em 16 de ago. de 2014.




[1] Três exemplos que ilustram o potencial de alguns blog´s ligados à área musical e educacional:
a) http://www.licmus.blogspot.com.br/ - autor:  Cláudio Casarini,
 b) http://praticasemeducacaomusical.blogspot.com.br/ - autora: Patrícia Kebach
c) http://tutoriaisemmusica.wordpress.com/carlos-veiga-filh/ - autor: Carlos Veiga Filho


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